31 de outubro de 2011

Nobre fragilidade


Frases tão minhas e tão sem nexo
Que de assumi-las não sei se terei coragem
Mas preciso tanto delas como quem vive no cio precisa de sexo
Que nessa difícil hora quero ter por perto minha mais improvável pajem.



Marcos Silva

24 de outubro de 2011

Só me sei assim.


Sei-me apenas e, pra mim, docemente feliz
Sim é isso mesmo: me sinto, sem motivo algum, sempre assim
Bestamente e emocionalmente sendo o que sempre, não sei o porquê, quis
E doridamente, sem saber o real motivo, ser esse alegremente triste querubim.



Marcos Silva

17 de outubro de 2011

Lembrança de outonos



Quando eu era criança o sol brilhava sempre quentinho
E nas manhãs de inverno da boca saia sempre uma fumaça muito esquisita
Do outono só me lembro das sombras e que diferentes e tão l-i-n-d-a-s
E das noites eu só queria que me trouxessem de volta o claro dos dias

Brincar de ser o capitão daquele navio tão gigante
Que iria por mares e oceanos bravios se embrenhar
Lutar por um não sei que de justo, bondoso e de vitória
E aportar logo e poder voltar pra casa e dormir perto da minha querida mãezinha

Sonhava em ser o super-homem
Amarrava um avental nas costa e escondia-o por sob uma velha blusinha azul
E saia a lutar pelos fracos e oprimidos, mesmo não sabendo ao certo o que era isso,
Mas me dava um sentimento tão bom por fazer a coisa certa

Às vezes, sempre com minha  mãezinha, íamos até a estação de trem da minha cidade
E pegávamos o trem e viajávamos para outras terras desconhecidas
Era tão longe que nunca chegava, e que medo de me perder que eu tinha
Mas quando voltávamos contava a todos como as desbravei e com que valentia.


Marcos Silva

13 de outubro de 2011

São Francisco do musical "A Arca de Noé" de Vinicius de Moraes



São Francisco
Vinicius de Moraes

Lá vai São Francisco
Pelo caminho
De pé descalço
Tão pobrezinho
Dormindo à noite
Junto ao moinho
Bebendo a água
Do ribeirinho.

Lá vai São Francisco
De pé no chão
Levando nada
No seu surrão
Dizendo ao vento
Bom dia amigo
Dizendo ao fogo
Saúde irmão.

Lá vai São Francisco
Pelo caminho
Levando ao colo
Jesus Cristinho
Fazendo festa
No menininho
Contando histórias
Pros passarinhos.

Lá vai São Francisco
Pelo caminho.

Lá vai São Francisco
Pelo caminho
De pé descalço
Tão pobrezinho
Dormindo à noite
Junto ao moinho
Bebendo a água
Do ribeirinho.

Lá vai São Francisco
Pelo caminho.

12 de outubro de 2011

Meu duro amar cotidiano.



Eu tenho muito, mas muito amor, mesmo, pra lhe ofertar
Você é minha única e mais destemida companheira
Desse metido e tolo e inadaptado burro coração: perdido patamar
Mas te amo mediocremente, mas lutando pra, emocionalmente, ter mais que tribeira.



Marcos Silva

10 de outubro de 2011

Minha (doce) tola condição humana


Como eu queria saber dar sem nada querer em troca
E ser calmo e só na hora certa, admiravelmente, conseguir falar
Mas sei-me apenas bronco como aquele tolo índio sem oca
E duma pressa e de um imediatismo que sempre, e apenas, me deixam sem ar.


Marcos Silva

8 de outubro de 2011

Com todas as minhas mais perversas dores são esses meus queridos amores.


Pai e mãe, contudo, por mais que eu seja frágil, egoista e mediocre agradeço e muito por ainda estarem comigo!!!!

3 de outubro de 2011

Me dá um tempo meu coração geminiano.


Da pra sentir que eu nunca sei meu limite: geminiano olhar
Preciso muito ficar quieto, e a sós, comigo mesmo
E talvez me encontrar, ou melhor, me reencontrar
Preciso muito de um tempo, sem rimas, mas de interna ternura e de solidário conforto...



Marcos Silva

Mesmices e tomara que sejam humanas.


Fácil de escrever quando eu só me sei pensamentos
Mas quando a vida se mostra cruel e real: que cansaço
Só consigo, apenas, me sentir este triste e repetitivo fragmento
Que só sabe-se, e sempre, mais um dentro desse mesmíssimo maço.


Marcos Silva

Minha frágil e talvez humana alma.


Não sei se me arrisco ou se me sucumbo
Aos meus porvires, tão meus, que ultimamente só sei decepcioná-los
Como frágil, mas doce retórica, mas muito pesada como escuro chumbo
Queria tanto tê-la como minha mais antiga amiga e que fosse livre feito rodante aro.



Marcos Silva

2 de outubro de 2011

Apelo à poesia (Carlos Queiroz)



Colhido generosamente do blog: Alfazemas e violetas

E declamado por Guilherme Gomes (Dizedor)

Apelo à poesia

Porque vieste ?
Não chamei por ti !
Era tão natural o que eu pensava ,
Nem triste , nem alegre , de maneira
Que pudesse sentir a tua falta ...
E tu vieste ,
Como se fosses necessária !


Poesia
nunca mais venhas assim ...
Pé ante pé , cobardemente oculta
nas ideias mais simples .
Nos mais ingénuos sentimentos ...
Um sorriso , um olhar , uma lembrança ...
_ Não sejas como o Amor !


É verdade que vens , como se fosses
uma parte de mim que vive longe ,
Presa ao meu coração
Por um elo invisível .
Mas não regresses mais sem que eu te chame ,
_ Não sejas como a Saudade !


De súbito , arrebatas-me , através
De zonas espectrais , de ignotos climas .
E , quando desço à vida, já não sei
Onde era o meu lugar ...
Poesia
nunca mais venhas assim .
_ Não sejas como a Loucura !


Embora a dor me fira , de tal modo
Que só as tuas mãos saibam curar-me ,
Ou ninguém , se não tu , possa entender
O meu contentamento ...
Não venhas nunca mais sem que eu te chame .
_ Não sejas como a Morte !



Carlos Queirós

1 de outubro de 2011

Constatação


Tão diverso e tão diminuto
E sempre nessa mesma mesa sem bar
Só preciso de um minuto
Pra dessa minha tola vida me esquivar

Penso, paro e entristeço
Que sina de mediocridade eu mesmo me impus
De réptil espera e sem nenhum endereço
Ou pior ainda: a da mais medrosa e feia avestruz

Espero me entender ainda um dia
Sim, me entender comigo mesmo
E num abraço fraternal daqueles de bondosa e mentirosa tia
Possa me redimir... mesmo que eu ainda siga sempre vivendo a esmo.


Marcos Silva