31 de março de 2011

Triste caminhada nessa rua sozinha


Hoje eu fiquei tão triste que até doeu
E olha que eu sempre só me sei sorrindo
É que tem horas que este velho e bobo coração fica tão seu
Que esconder-me de mim talvez seja o melhor: mesmo que eu esteja mentindo.



Marcos Silva

21 de março de 2011

A difícil arte de sobreviver, sem regras.


Quantos cheiros eu sinto e outros talvez eu nunca sinta
Desses lugares, casas, que eu nunca vou conhecer.
De passados, presentes e futuros nem que eu minta.
Terei tempo de visitar, sentir e sequer neles poderei me esconder.

Ah! Vida bandida, mas vida única e imperfeita,
Que teima em nos provar com tanto sofrimento
Olha aquele passo inseguro e de criança já feita
Mas de olhar simples e verdadeiro e sempre de puro sentimento

Esses olhos de tanto tempo a contemplar
Desse mundo, podre e de pessoas sempre e sempre vãs
Já não me iludo mais a querer daquele, sempre mar,
Me fazer sempre, e sempre querer só amar como aquele triste Pan

Triste, comovido, mas sem ter o que pensar
E a fazer desse mundo que de Lusíadas nem se pode fugir
De tempo e em tempos atemporais e com que falta de ar
Me sinto apenas como meu avô que só queria da vida poder “curtir”

Chega de hipocrisia e de futilidades
Que povo mais indefeso, mas também “traíra”
Que só se sabe pouco e nem conta sua idade
E da maldade a tem como único fim e decadente última saída

Chego e passo e fico com meu olhar de criança
A ter essa indecisa e tão frágil docilidade
De ter ainda uma tênue e quebradiça e cinza esperança
Que a vida, a sós, sempre se sobressaia a toda e qualquer maldade.


Marcos Silva

17 de março de 2011

Só se for pra vida inteira


Olha que gosto bom, melancólico e delicado de outrora
Que ainda vale a pena apenas pra ver seus olhos ou sentir seu cheiro e que atraente
Era o que do amor nos bastava a cada nova e bela aurora
Mesmo dos dias frios, mas com aquele gosto de nos amarmos, mas só se for pra sempre.


Marcos Silva

15 de março de 2011

À face do meu tempo


Quero sentir todos meus defeitos mais muito, muito perto de mim
Pra que eu nunca, nunca, nunca possa deles naquele momento fugir.
E ter o mais fraterno de todos os encontros, meu mais relaxante: até que enfim!
Pra que minha frágil alma possa, por fim, repousar e tran-qui-la-men-te poder, em paz, apenas dormir.


Marcos Silva

12 de março de 2011

Olhar


Ah! Este velho e nunca definitivo olhar
Que sempre nos trará essa paz que desesperadamente estamos à procura
Que de tantos temporais que já viveu nesse seu intransferível mar
Nos dá a exata sensação da nossa única e mais afável: bondosa cura.


Marcos Silva

7 de março de 2011

Tua invisível e perceptível presença


Que Deus quis, por sutil brincadeira, chamar-te de Maria

Dessa tua incerta e mutável imagem às vezes... I-no-cen-te-men-te me afago
Pois és como bruxa que sabemos que talvez nem exista
Mas que no fundo da nossa humana e frágil alma: qual atrapalhado mago
Venha sempre a nós, pois te queremos perto como aquela indesejável e intocável isca.


Marcos Silva

5 de março de 2011

De "Terra Brasilis"



Gosto dessa medíocre condição humana
De me sentir o máximo e o mínimo no mesmo instante
A frase se importa ao nível de Drummond ou de imorável cabana
Ou até de qualquer poeta Português e o de todos o mais “Pedante”.


Marcos Silva

2 de março de 2011

Puerto Viejo - Pinot Noir - 2009 - Vinã Requingua do Chile


O da foto é o do meu casamento

Divórcio enológico

Depois de usar esse vinho no meu casamento, mas o de safra 2008 e de rolha “screw cap”, e receber muitos elogios pela escolha e harmonia com a comida, vim comprá-lo hoje, mas o de safra 2009 e de rolha de cortiça, e tive a maior desilusão, mesmo estando em perfeitas condições estava simplesmente impossível de ingerir, olha que eu tentei, insisti, mas a sua acidez e o final amargo me fizeram, infelizmente, colocá-lo entre os vinhos:
“VJNP” – Vinhos Jogados Na Pia.

Corra!!! Fuja!! E se proteja se encontrar com ele.