9 de junho de 2011

Breve manual sobre uma ridícula carta de amor


Sobre o que uma ridícula carta de amor deve falar
Se não do amor irrestrito e certeiro
Simples como ter lua nas noites mornas
E triste como afagar e deixar um cachorro sem dono na fria rua

Uma ridícula carta de amor só pode falar
Do que mais humano existe num olhar de criança
Que chora por ter fome e sorri sem motivo algum
E que briga com o sono na hora de dormir

Numa ridícula carta de amor deve sempre constar
Todos os suspiros de saudades
Todos os “ais” dos amores não retribuídos
E todos os sons das despedidas silenciosas

Para ser uma ridícula carta de amor não pode faltar ainda
Um recado deixado na pressa do dia seguinte
Um beijo não roubado de eterno sabor
E um doce brilho de lágrima que nunca rolou

Mas para ser uma ridícula carta de amor verdadeira
O mais importante e imprescindível dos ingredientes
É ter pelo menos um tolo coração apaixonado
Que procura desesperadamente por um endereço.



Marcos Silva

Um comentário:

  1. Marcos ,

    mas todas as cartas de amor são ridículas , porque se não fossem ridículas , não seriam cartas de amor .
    Já dizia Fernando Pessoa .

    Um beijo

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