22 de dezembro de 2010
Pra todos os filhos
Todos somos filhos de pais que não esperamos
Que difícil tarefa essa nossa
De amar incondicionalmente esses que não amamos
E somos condicionados a essa tarefa sempre tão dolorosa
Ah! Será que eles queriam ser nossos pais
Queriam nos amar também incondicionalmente
Ou será que como nós, só queriam viver em paz
De amar sem amor, e sofrer do amar pelo que obriga sua mente
Essa relação dolorosa e sem parâmetros
Que nos obriga, pais e filhos, a ser o que não somos
Amar e amar sem chance de ser, talvez, outros
Nossos pais, filhos sem ser o que esperamos
A única saída que vejo, única, nessa triste hora
É nos respeitar como humildes seres humanos
Que com sua frágil e sem vislumbrar daquela aurora
Nos contentarmos com essa proposta, noturna, e pra muitos anos
Viver e conviver sem ter nada o que fazer
Mas com a doçura da solidariedade inerente
Sem forças pra lutar e só deixar e lidar com esse querer
Ter a paz dos animais que se distinguem de nós por não serem apenas “gente”.
Marcos Silva
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